Acho que 2019 foi um ano difícil para todos nós. Ainda bem que tivemos a TV para nos divertir e encarar a realidade. Obviamente, eu não vi todas as quase um milhão de séries que passaram nos canais e nos serviços de streaming, mas consegui ver coisa o suficiente para fazer uma lista digna de 10 séries que valeram a pena esse ano. Muita coisa vai ficar de fora. Muita coisa boa (talvez eu faça uma menção honrosa no final, vou decidir).
Mas antes eu preciso falar mal de Game of Thrones. A expectativa era alta para a última temporada da série que fez com que o mundo voltasse a ver série com horário marcado. Todo episódio era um evento. E foi a maior decepção do ano. O final foi inacreditavelmente ruim. Outra grande decepção foi a segunda temporada de Big Little Lies, a coisa mais inútil e desnecessária do ano. Nem a Meryl Streep salvou esse mico. Então, lá vai minha lista de melhores do ano.
10. EUPHORIA (HBO)
Um retrato fiel da geração Z e sua relação com o amor, a família, a sexualidade e os amigos. É tudo colorido e ao mesmo tempo escuro. É tudo triste, mas pode acabar em um clipe musical vibrante. É o melhor elenco jovem do ano. É Zendaya totalmente entregue à sua personagem. Vejam!
9. BOJACK HORSEMAN (Netflix)
A Netflix continuou fazendo 200.000 séries novas e continuou acertando em menos de 1% delas. Esse ano, ela trouxe a primeira parte da sexta e última temporada de BoJack Horseman, que continua sendo a melhor produção deles. O desenho acerta ao falar de temas difíceis com o humor negro na medida certa sempre. A comédia mais triste que você vai ver e a produção mais regular da Netflix. E, sim, é um desenho animado protagonizado por um cavalo.
8. THE MARVELOUS MRS. MAISEL (Prime Video)
The Marvelous Mrs. Maisel estreou sua terceira temporada e continua sendo uma das séries mais divertidas da atualidade. O climinha anos 50 ganhou ainda mais vida com a turnê da Midge com o cantor Shy Baldwin pelos EUA. Quem ganha destaque também nessa temporada é a Susie, a agente, que tem as melhores piadas deste ano. Uma delícia de assistir.
7. RUSSIAN DOLL (Netflix)
Boa estreia da Netflix deste ano, a série traz a Natasha Lyonne (de Orange is the New Black) como uma mulher que morre e revive a noite do seu aniversário de 36 anos sem parar. A série começa bem cômica, mas vai ganhando tons dramáticos e é muito bem escrita. Não precisava, mas parece que vai ter uma segunda temporada. Produzida pela Amy Poehler, a série faz uma releitura do conceito do filme Feitiço do Tempo sem parecer uma cópia dele. Fora que somos todos a favor de séries como episódios de meia hora, né?!
6. SUCCESSION (HBO)
Passei batido pela primeira temporada dessa série, mas não resisti aos comentários positivos da segunda. A saga da família Roy, dona de um bilionário império midiático, na busca do sucessor do patriarca (o ótimo Brian Cox) promove situações engraçadas, tristes e bizarras. São os piores personagens do ano (no bom sentido). O final da temporada é arrebatador.
5. OLHOS QUE CONDENAM (Netflix)
Essa minissérie foi a coisa mais difícil que eu vi em 2019. Cinco jovens negros acusados de violentar uma jovem branca no Central Park nos anos 80 são levados a confessar o crime depois de sofrerem nas mãos de policiais e procuradores que querem achar um culpado. É duro acompanhar o desenrolar do caso, o quanto esses meninos sofreram na mão do sistema jurídico e da polícia de Nova York, a perda da infância, dos sonhos de adolescência, tudo isso por estarem na hora e no lugar errado (e por serem negros). O último episódio é talvez a melhor hora e meia da televisão em 2019.
4. THE DEUCE (HBO)
A série leva a crescente indústria da pornografia para os anos 80 mostrando uma Nova York ainda mais perigosa e assombrada com o fantasma da AIDS. David Simon e George Pelecanos encerram o ciclo dos personagens da série de forma dolorosa e, muitas vezes, inesperada. Fechou com chave de ouro uma das melhores produções da década.
3. CHERNOBYL (HBO)
A minissérie, baseada no acidente nuclear que aconteceu na Rússia nos anos 80, acertou na recriação da época, assustou geral com as consequências da exposição à radiação, mostrou as táticas do governo russo para esconder os efeitos e ganhou um monte de prêmio e indicação a prêmios por aí. Tudo funciona perfeitamente. Obra prima!
2. WATCHMEN (HBO)
Damon Lindelof, a mente por trás de The Leftovers, resolveu revisitar a clássica HQ do Alan Moore e do Dave Gibbons e fez uma sequência muito digna de Watchmen. Mexendo com temas importantes e abusando do surreal, a série conseguiu trazer de volta os personagens da HQ, sem alterar o material original, e foi bizarra e empolgante na medida certa. Outra obra prima.
1. FLEABAG (Prime Video)
Fleabag estreou em 2016 e ninguém deu muita bola pra ela. Em 2019, a segunda temporada foi tão aclamada que é impossível não ver a série nas listas de melhores do ano. Se vocês me perguntarem qual série tem uma temporada sem defeito nenhum, eu posso responder sem pestanejar que Fleabag é uma delas. Melancólica, triste e engraçada na medida certa abusando com louvor da quarta parede. O mundo agora conhece Phoebe Waller-Bridge e sua Fleabag…
Menções honrosas:
The Mandalorian (Disney+): Baby Yoda e o melhor Star Wars do ano (pegou essa, JJ?)
Evil (Globoplay): a única coisa digna da TV aberta americana. Dos criadores de The Good Wife e The Good Fight.
Barry (HBO): a segunda temporada perde para a surpresa que foi a primeira, mas continua uma boa comédia. Um dos episódios dessa temporada é sensacional.
Veep (HBO): nos despedimos de Selina Meyer sem o alarde que a série merecia. O último ano não foi de longe o melhor da série, mas como ela vai fazer falta!
Sex Education (Netflix): boa surpresa. Uma série teen digna e relevante.
Feliz 2020 para todo mundo!
PS: Ainda vou fazer o top 10 da década (sim, a década não acaba agora, mas é mais divertido acabar agora então ela sim acaba agora).